terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Dia 6786 de viajem, e lamentavelmente não sei que mar é este…

Boa noite marinheiros, hoje dei comigo a pensar qual será o propósito desta viagem… porque é que estamos aqui? Porque é que estamos neste barco a remar, sabe-se lá para onde, porque é que a nossa vida seguiu este rumo e não outro? Estamos onde? A fazer o quê? Já passamos parte da nossa vida a navegar, e mesmo assim continuamos sem saber o porquê! E eu vejo velhos, a andar pelas ruas, e vejo pessoas com muita mais vida para trás ainda a remar, mas sem rumo, ou com rumos fictícios! Qual é essa ideia de que se tiver um emprego, tiver uma família, e ser bem sucedida me irá tornar feliz?… Porque é que hei-de acredita nisso, se vejo tantos homens vestidos com fatinho e gravata, como se essas gravatas e os requintados botões de punho dissessem: "Ele é bem sucedido, tem um bom emprego, e vê lá até dinheiro teve para nos comprar, porque sim nós não somos da lojita da esquina, viemos directamente da frança de um das melhores lojas de paris!"( e mais caras por sinal! Que eu nem sequer vou-me dignar a pensar no nome da possível loja, por ser algo completamente insignificante) Como se aquela coisita tecnológica que trazem ao ouvido disse-se "somos do ultimo modelo!" mas para quê o ultimo modelo, amanha já há um novo! E todas essas bojigangas serão apenas lixo! Mas na verdade, eu não vejo felicidade em quase nenhum desses homens,… ah!  porque eles tem família, mas vêem os filhos 5 min por dia, quando por acaso se cruzam com eles, e abandonam os filhos à educação escolar, para que mais uma vez haja apenas um ensino formatado, porque por melhor que o professor seja não consegue desenvolver tudo o que os pais não fizeram com 30 miúdos dentro do mesmo cubículo. Vejo mais felicidade no mendigo que não tendo a sua vida de sonho, nem sendo obviamente o ideal da sociedade, ainda sabe valoriza e ouvir, repito ouvir (porque a maioria das pessoas já não conhece essa palavra…) um "bom dia" ou um sorriso. 

Oh marinheiros, peço desculpa, com tanta vontade de falar esqueci-me de dizer que hoje é o dia 6786de viajem, e lamentavelmente não sei que mar é este…
Provavelmente é o mesmo mar onde nasci e onde morrerei, não sei, talvez nunca tenha saído deste mar, talvez este mar, nem um mar seja, talvez é apenas um laguito sem saída e nós achámos ser tão grande. Pergunto novamente, porquê estar aqui? Porquê seguir as pegadas que alguém, sabe-se lá quem, pensou para mim? Pensou para mim nada, na verdade nem foram pensadas, foram impostas pela ridícula sociedade mundial. Pois para sermos boas pessoas temos de portar-nos bem, fazerem um curso, termos a melhor nota possível, termos um emprego, subirmos na carreira, para ganhar o dinheiro para viver e para todas as outras coisas que desejamos, ou que devíamos desejar, e que vemos em anúncios enfadonhos que nos mudam a nossa forma de pensar sem sequer notarmos, de forma tão passível, que quando nos apercebemos, soa-nos a algo completamente ridículo. No fundo, fazer aquilo que os outros querem! E claro, sonharmos, temos de sonhar, mas não muito alto porque ai já começamos a ter ambições de destruir o ideal que nos impõem! Eu sei que isto é um cliché, mas o dinheiro compra muito pouco do que é essencial para a vida, e quando digo vida, falo em realmente vida, seja lá o que ela for, não falo em sobrevivência!

Pensem comigo, se tivermos vivido como o primeiro exemplo, do homem bem sucedido com o nó da gravata bem feito, não iremos chegar ao fim a perguntar mas para quê? Porquê tanto trabalho? Porquê seguir todo este caminho e continuar sem nada? No fundo ser uma pessoa vazia. Peço desculpa à sociedade, mas eu não quero ser assim. Não quero fazer um caminho a correr só porque me disseram para o fazer! Quero viver! Eu digo Viver mesmo, ser alguma coisa! Não preciso que as pessoas reconheçam que sou boa em algo ou não, viveria na miséria toda a vida, mas pelo menos seria alguma coisa, seria verdadeira! Seria!… eu não quero ficar no limiar da vida e da existência, quero ser algo mais, não quero ficar escondida por trás de um fato formal e de um monte de maquilhagem, quero ser como sou, com todos os defeitos, e qualidades que possa ter, pelo menos não serei algo sem ser.

Não sei porque estou aqui, nem sei bem onde estou, parece que toda a minha vida não passou de um filme, parece que nada existe à minha volta… parece que não existo, mas ao mesmo tempo tenho um monte de forças a empurrar-me para caminhos que eu não sei se são o meu, são caminhos para todos e dizem que será bom se eu me aventurar por lá! Mas eu não quero ir! Não quero perseguir um trilho já registado com um mapa dado, que apenas tem umas falhas, só para sentir a aventura! Eu quero ir para florestas desvendar caminhos nunca antes desvendados! E se me perder, deixem-me andar perdida à procura de algo, mesmo que não saiba o que é! De qualquer forma já ando perdida neste vosso mundinho definido, que na verdade nem sequer conseguem saber de que é feito! 

Chamem-me de Louca, se quiserem, insultem chamem-me de parva, queria ser completamente indiferente a tudo o que dizem e pensam, mas acho que já não consigo, assim fui em criança, mas agora 18 anos depois de nascer, vejo-me já demasiado influenciada por todas essas vossas manias, e tenho um conjunto de linhas transparentes que me prendem e tentam moldar. Quero livrar-me delas! Não quero ofender ninguém, mas eu não quero tirar um curso só porque sim, não quero fazer nada da vida porque tem de ser, quero sentir cada coisa que faço, quero estar lá, quero vida! Não quero ser marioneta!

Não me venham dizer que estou errada, deixem-me descobrir se isso for verdade, já errei tantas vezes, erro tantas vezes, mais uma não me irá fazer mal…
Para concluir, e porque já acho que abusei das palavras, cito um génio português, José Régio, e cito o poema inteiro porque não consigo seleccionar parte, ele diz tudo: 
""Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces 
Estendendo-me os braços, e seguros 
De que seria bom que eu os ouvisse 
Quando me dizem: "vem por aqui!" 
Eu olho-os com olhos lassos, 
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços) 
E cruzo os braços, 
E nunca vou por ali... 

A minha glória é esta: 
Criar desumanidade! 
Não acompanhar ninguém. 
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade 
Com que rasguei o ventre à minha mãe 

Não, não vou por aí! Só vou por onde 
Me levam meus próprios passos... 

Se ao que busco saber nenhum de vós responde 
Por que me repetis: "vem por aqui!"? 

Prefiro escorregar nos becos lamacentos, 
Redemoinhar aos ventos, 
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, 
A ir por aí... 

Se vim ao mundo, foi 
Só para desflorar florestas virgens, 
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! 
O mais que faço não vale nada. 

Como, pois sereis vós 
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem 
Para eu derrubar os meus obstáculos?... 
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, 
E vós amais o que é fácil! 
Eu amo o Longe e a Miragem, 
Amo os abismos, as torrentes, os desertos... 

Ide! Tendes estradas, 
Tendes jardins, tendes canteiros, 
Tendes pátria, tendes tectos, 
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios... 
Eu tenho a minha Loucura ! 
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, 
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios... 

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém. 
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; 
Mas eu, que nunca principio nem acabo, 
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo. 

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções! 
Ninguém me peça definições! 
Ninguém me diga: "vem por aqui"! 
A minha vida é um vendaval que se soltou. 
É uma onda que se alevantou. 
É um átomo a mais que se animou... 
Não sei por onde vou, 
Não sei para onde vou 

- Sei que não vou por aí!"

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Dia 6784 de viagem, navegando no tejo.

Dia 6784 de viagem, navegando no tejo.

Olá Marinheiros,
Hoje deu-me um desejo súbito de mudar o mundo, havia muitas coisas que eu mudaria, para além das habituais que apesar de já serem cliché nestas coisas ainda ninguém foi capaz de destruir, como a guerra, a injustiça a fome, etc… Eu começaria logo depois disto a aproximar Braga e Lisboa (e Oxford, também dava jeito) como num puzzle ou algo semelhante, corta aqui, cola ali, e já está, preciso de abraçar certas pessoas… Depois claro está, resolveria os problemas das pessoas que mais gosto , tirava uma doença a este, resolvia o conflito aqueles, tirava o trabalho de cima destes e metia muitos sorrisos, mas dos verdadeiros, nas caras das pessoas. Depois claro destruiria tudo o que estraga a humanidade, a mentira, já tinha sido cuspida ao inicio e o ódio teria sido estrangulado.
E havia muito mais a mudar e muito para abraçar, e seria este o meu sonho de natal, até que me apercebo que estou só a sonhar, e reduzo-me  a minha insignificância, abro os olhos e aqui estou eu a tentar não ver o mal que percorre as ruas, nem a distancia que apesar de todos os avanços tecnológicos ainda me deixa incompleta…

Desculpem Marinheiros, não sou uma super heroina, sou apenas mais uma neste mundo, um pontinho muito pequeno que sem saber o que quer, nem o que é, consegue desejar um monte de coisas.


Fiquem bem e um abraço muito especial para cada um de vós.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Dia 6779 de viagem, perdida entre achados e perdidos

Dia 6779 de viagem, perdida entre achados e perdidos

Marinheiros, a viagem anda atarefada, e o tempo é pouco para escrever e descansar, por isso hoje vou apenas deixar a letra de uma música que retrata bem o estado actual, esta musica é da Mafalda Veiga:
"ao longe vê-se a ponte
o céu que muda
entre o princípio e o fim
ao fundo vê-se um monte
de casas velhas
de cor entre ocre e carmim
eu espero no tempo
algum sinal teu
enquanto a saudade aperta
agarro-me ao mundo
recolho o que é meu
a ver se a vida se acerta
naquilo que prometeu

desenho no horizonte
uma viagem
que faço sem me mover
e passo sobre a ponte
para outra margem
onde pudesse perder
o peso dos dias
a dor do caminho
que fica agarrada à pele
se a vida voasse
para além do destino
como a cabeça nos voa
numa folha de papel

a vida passa sempre
tão apressada
que pouco podes conter
os dias são ausentes
sabem a nada
se te esqueceres de viver
agarra o teu mundo
acende os lugares
onde se escondem os teus sentidos
e não tenhas medo
se às vezes falhares
o que importa é o caminho
que fica
entre achados e perdidos"


Fiquem bem marinheiros, e naveguem para onde sentem que devem navegar!


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Dia 6770 de viagem, no mar, penso eu.

Dia 6770 de viagem, no mar, penso eu.

Estou rodeada de marinheiros e navios, não sei para onde, nem por onde começar a navegar, sinto-me perdida. Não sei do mapa e a minha bússola já não dá nenhuma direcção… Mas ao meu lado vejo tanta certeza, vejo tantos marinheiros que apesar de atarefados, sabem para onde remar, sabem e sonham com algo, e olham com cara de parvos quando eu digo que não sei como, nem para onde partir, acham que eu sou idiota por estar neste longo e largo oceano, sem saber se é este o meu caminho… Na verdade, acho que cada pessoa tem o seu tempo e irrita-me o facto de quererem que todos os marinheiros decidam o seu destino no mesmo momento, e marquem idades para isto e idades para aquilo. Sempre fui marinheira, desde que nasci pelo menos, e nunca tive um rumo ou uma rota traçada, não será porque alguém se lembra de me obrigar a escolher um caminho que eu escolha o certo. O meu percurso é feito de falhas, de caminhos sem fim, de becos, de tempestades, muitas vezes criadas pelos revirares e indecisões do barco, mas são minhas, são meus os percursos, e minha a batalha, e nunca quis senão viver e navegar, a não ser quando simplesmente não queria nada, e sempre evitei criar tempestades que afectassem outros… mas basta de me obrigarem a ser o que não sou e a escolher o que ainda não posso escolher.

Estou perdida, e desta vez provavelmente a culpa não é inteiramente minha, mas sim de todos estes sistemas, que obrigam a seguir um caminho ou outro, e não me deixam navegar aleatoriamente pelo mundo até descobrir o meu lugar. Estes sistemas entram nas cabeças dos marinheiros, que ou me olham da canto, pensando que não sei navegar, ou me mandam ir para outro sitio, mas o mais rápido possível, porque a sociedade não pode esperar!… Não pode esperar? Mas também ninguém lhe pediu que esperasse e certamente nem o iria fazer… E se eu não quiser mudar? Posso estar perdida e não saber qual é o caminho, saio deste caminho e vou para qual? Se eu não sei o que fazer neste mar o mais provável é não saber o que irei fazer num outro… Pois, na verdade, se eu soubesse qual o meu destino desejado, tinha partido logo rumo a ele.

Agora, gostava de citar parte de uma música de uma das melhores bandas portuguesas, Ornatos Violeta: "Pára de olhar par mim, deixa-me ser alguém, tão cedo não vais ver ninguém!" 

Deixem-me lutar, deixem-me defender os meus ideais e parem, por favor parem de me obrigar a seguir os vossos sistemas e a ser igual aos outros.

Não me digam que não me compreendem, porque todos os outros marinheiros escolheram o caminho e não andam perdidos no mar sem rumo para seguir, não me venham com exemplos dos outros, porque se há algo que eu quero menos do que ser eu mesma é ser os outros, quero apenas seguir o meu caminho, seja ele o correcto ou o errado, nem vocês podem saber o que está bem ou mal. Podem achar, e pensar, mas isso também o posso fazer, mas nunca ninguém pode ter a certeza quanto ao que é verdadeiramente correcto. Porque se para vocês ser correcto é seguir exactamente os vossos sistemas, para mim o possível ideal seria quebrá-los. 

Deixem-me navegar, deixem-me ser, deixem-me viver!

Uma boa noite de trabalho, Marinheiros,

Aniratac (Como quiserem, chamem-me de estranha!)

domingo, 23 de novembro de 2014

Dia 6767 de viagem, no largo mar que fica entre Braga e Lisboa.

Dia 6767 de viagem, no largo mar que fica entre Braga e Lisboa.

Confesso marinheiros que ainda ando a tentar convencer as palavras de perdoarem os humanos, mas com algumas está mesmo difícil. 

Quando à viagem, está um pouco desnorteada, não sei bem o rumo que o barco anda a tomar, andamos com aquela filosofia do "Vamos para onde o mar nos levar" e se depois descobrirmos que este não foi o caminho certo, faremos um outro caminho. 

Hoje, estou com um desejo de apagar todo o mal e tristeza da vida de todos! Não que não o tenha sempre, mas hoje está especialmente grande. Gostava de poder mandar o meu sol para todas as navegações mundiais que estão a viver tempestades e principalmente para aqueles que nunca viram um arco-íris!


Um sorriso para todos os marinheiros do mundo!

sábado, 22 de novembro de 2014

Dia 6766 de viagem, Braga.

Dia 6766 de viagem, Braga.

Atenção a todos os marinheiros, criaturas falantes, e usuários de palavras: hoje, as palavras ameaçam greve, queixam-se de não serem entendidas, de estarem sempre a sofrer más interpretações. É necessário cuidar delas, usá-las com cuidado para que elas gostem do que são e não magoem sem intenções… 

Penso que chegou o tempo de reinventar um novo significado para certas palavras e de inventar outras. É urgente extinguir o ódio, a guerra, ou talvez mudá-las para paz e amor, ou para qualquer outro significado que não nos faça mal, nem a nós nem às palavras.


Pensem nisto, precisamos de novas palavras, Marinheiros!

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Dia 6765 de viagem, na extremidade de Lisboa.

Dia 6765 de viagem, na extremidade de Lisboa.

Por vezes as palavras não saem, e perdem parte do significado, escrevemos mas o que não queremos escrever, com as mesmas palavras do costume, mas todo o seu significado alterou-se. E ficamos num dicionário confuso, sem sabermos o que é a palavra, nem sequer aquela que dizemos todos os dias é igual… escreve-se da mesma maneira, lê-se da mesma forma, mas o seu significado difere completamente. Será que amor significa agora ódio? Ou o ódio é que significa amor? E com as últimas duas frases deixei de saber qual é ódio, qual é amor…

Perdi-me.

Encontrei-me?

Fiquei encalhada em pensamentos confusos… 

Gosto da palavras, mesmo já sem saber o que querem elas dizer… Se calhar é isso, as palavras querem falar! Em vez de sermos sempre nós a falar com elas, talvez agora elas queiram falar connosco… Se calhar, o ódio fartou-se de ser ódio e agora quer ser amor, ou mar, ou folhas, ou uma máquina de lavar loiça! Se calhar hoje começou a revolta das palavras!


Tratem bem das palavras, marinheiros! Estejam atentos porque as palavras são mais fortes do que possam pensar!

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Dia 6762 de viagem, penso que em Lisboa.

Dia 6762 de viagem, penso que em Lisboa.

Voltei a não escrever, mas desta vez porque durante a viagem tive a sensação de não existir, de estar num lugar sem estar, parecia que não estava a viver, nem era nada. Sensação estranha que continuo sem perceber, era como se vivesse num outro mundo paralelo mas estivesse neste, ou talvez vivesse neste e estivesse num outro, um estado de dormência silenciosa, como se tudo aquilo que eu tocava ou me tocava fosse insuflável, ou como se os meus membros tivessem perdido o limite e se fossem desvanecendo na atmosfera de uma forma pouco definida. 
Não encontro motivos para este estado, estado de ser e não ser… mas na verdade, ainda sinto subtilmente a sua presença em mim.
À parte disto a viagem prolonga-se pela naturalidade e estranheza de mar desconhecido, mas por enquanto sem qualquer turbulência ou tempestade, apenas pequenas confusões por serem mares nunca antes navegados.
Um abraço confuso mas feliz de vossa marinheira,

Catarina 

domingo, 16 de novembro de 2014

Dia 6760 de viagem, Braga.

Dia 6760 de viagem, Braga.

Tenho um pedido de desculpas a fazer, mas ontem parámos para reabastecer as energias de alguns marinheiros, e no meio da confusão e dos abraços não tive tempo de vir escrever no diário de bordo. Hoje, ainda não arrancámos pois ainda faltava recebermos grandes e preciosos abraços energéticos para continuarmos a viagem, e amanha bem cedo estaremos novamente de partida.

Ao longo do percurso e desta longa viagem, conheci marinheiros que mesmo noutras navegações criam um caminho, que se percorrermos iremos sempre encontrá-los de braços abertos à nossa espera, e que mesmo quando há tempestades no lado deles, a energia que recebemos é revitalizante para podermos seguir o nosso rumo, nunca esquecendo que também temos de tratar, limpar e iluminar esse caminho, para que eles o possam encontrar em sentido contrário. Na verdade, há marinheiros que não sabem a falta que fazem a certas navegações, ou que não reconhecem a sua importância.

Pode não ter muito a ver com o que relatei hoje, mas gostava de escrever aqui esta citaçã:
 "- Adeus disse a raposa. Vou dizer-te o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se recordar.
- Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
... " de Antoine de Saint-Exupéry

E assim me despeço, porque amanha o dia será longo, e o cansaço já afecta os marinheiros!


Abraços a todos os navegantes do mundo!

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Dia 6758 de viagem, algures entre Braga e Lisboa.

Dia 6758 de viagem, algures entre Braga e Lisboa.

Por vezes repetimos demasiadas vezes o mesmo caminho, e esse caminho deixa de ter importância até que o deixemos de percorrer, e algo recomece em nós por entre os destroços do caminho.

Marinheiros, é necessário virar na esquina e descobrir outros caminhos que cheguem ao mesmo destino para que a viagem tenha sempre a magia da descoberta!

Beijos,

A Marinheira, Catarina

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Dia 6757 de viagem, a viagem continua por Lisboa.

Dia 6757 de viagem, a viagem continua por Lisboa.

Hoje chegaram novos carregamentos de carinho e alegria, depois de toda esta louca corrida contra o tempo e das noites sem dormir, "porque o barco não anda sozinho, não é? Porque há que trabalhar!", algumas chegaram por telefone, outras chegaram de comboio de ondas, por entre largas gotas de chuva que cobriram hoje Lisboa. E por entre uma cara de cansaço e grandes olheiras, larguei soltos (sor)risos. Agora, de coração cheio despeço-me porque a viagem ainda não acabou e há que fazer!


Até breve!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Dia 6756 de viagem, ainda em Lisboa.

Dia 6756 de viagem, ainda em Lisboa.

Hoje percebi que a melhor forma de me ver é fechando os olhos. (um dia irei escrever, aprofundar este tema, ele necessita de ser mais pensado.)


Abraços camaradas!

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Dia 6755 de viagem, Lisboa.

Dia 6755 de viagem, Lisboa.

O mar anda calmo, a viagem decorre sem destino, mas prosseguindo caminhos improvisados. 

No entanto, há brisas que vêm dos outros barcos, com mensagens difíceis de descodificar, provavelmente algumas palavras perderam-se na distância ou nas noites silenciosas. A cada palavra que chega parece que os barcos se aproximam, no entanto a distancia é constante e os meus pequenos braços não chegam para conseguir abraçar os marinheiros do outro barco… Um dia irei inventar o teletransporte, quando esse dia chegar irei abraçar todos os marinheiros que anda pelo mundo.
A minha sorte é que as saudades não pagam impostos, se não eu andava por ai toda carimbada.

Neste últimos tempos tenho navegado num novo mar, num mar que antes era apenas uma rápida passagem e agora faz parte dos caminhos que exploro, e de tanta novidade e de tantos pontos desconhecidos, a viagem prolonga-se por rios mais estreitos. Por vezes insegura do sentido tomado e da direcção do leme, o percurso continua com quem está a bordo e quem anda a naufragar.

O mar não espera pelo meu escrever, por isso me despeço para o caminho prosseguir.

Abraços Marinheiros,

Catarina

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Dia 6754 de viagem, Lisboa.

Dia 6754 de viagem, Lisboa.

Já ando nesta viagem há tantos dias mas apenas hoje decidi escrever no diário de bordo.
Como todos sabem, ou se não sabem irão aprender, estas viagens são feitas de partidas, chegadas e partidas sem chegadas constantes. Neste momento o barco está cheio de pensamentos a vaguear, pessoas presentes e seres ainda desconhecidos, nos quais denoto bastante interesse por entender. Apesar de a grande correria que se vive no barco, e de todas as coisas que acontecem no mar, há sempre um pouco de espaço para as saudades de quem ficou nas terras em que parámos, e de quem está num barco vizinho e apenas comunica através de tecnologias alternativas e de pombos-correio.

O tempo é escasso, por isso deixo-vos com os vossos lemes, até ao próximo relato!!
Boa Sorte para as viagens!


Cumprimentos desta marinheira desconhecida à qual chamam de Catarina