Dia 6762 de viagem, penso que em Lisboa.
Voltei a não escrever, mas desta vez porque durante a viagem tive a sensação de não existir, de estar num lugar sem estar, parecia que não estava a viver, nem era nada. Sensação estranha que continuo sem perceber, era como se vivesse num outro mundo paralelo mas estivesse neste, ou talvez vivesse neste e estivesse num outro, um estado de dormência silenciosa, como se tudo aquilo que eu tocava ou me tocava fosse insuflável, ou como se os meus membros tivessem perdido o limite e se fossem desvanecendo na atmosfera de uma forma pouco definida.
Não encontro motivos para este estado, estado de ser e não ser… mas na verdade, ainda sinto subtilmente a sua presença em mim.
À parte disto a viagem prolonga-se pela naturalidade e estranheza de mar desconhecido, mas por enquanto sem qualquer turbulência ou tempestade, apenas pequenas confusões por serem mares nunca antes navegados.
Um abraço confuso mas feliz de vossa marinheira,
Catarina
Não sei porquê esta tua entrada lembrou-me o Bernardo Soares: "deus é o existirmos e isto não ser tudo". boa viagem.
ResponderEliminarPor alguma razão eu me identifico bastante com Bernardo Soares e Fernando Pessoa...
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