Dia 6827 de viagem, no barco.
Precisava de partir para outro mar, num dos pequenos barcos salva-vidas navegar para outro lugar, sem tripulação para além de mim, sem exageros, sem coisas desnecessárias. Precisava, literalmente de um salva-vidas, que salvasse a minha, para que eu aprendesse a navegar e a viver outra vez. Precisava de respirar, e ter o meu espaço e tempo. Precisava de mudar, mudar na calma melodia do silêncio azul.
Não entendo porque é que nós, seres humanos, nunca estamos satisfeitos com nada, nunca somos suficientemente felizes. Se temos algo queremos mais, como num ciclo infinitamente vicioso. Não nos contentamos com o que somos, nem com o que temos. Precisamos sempre de mais!
Paro de escrever, porque aquela dor voltou! Se calhar a solução é deixar um pouco a tripulação, ir navegar sozinha, sem ninguém saber para onde, nem como, nem porquê. E, talvez volte, é uma possibilidade. Ou talvez não venha a tempo de voltar. Provavelmente, melhor é ir, mas não num barco. Vou nadar no mar profundo, talvez lá me encontre. Sem barco, só eu e o meu corpo!
Mas como sei, na verdade, vou deixar-me ficar por aqui… no barco, sozinha, num dos pequenos cubículos, imaginando a vida fora do barco e pensando que seria bom se daqui sai-se… Mas não saio, nunca saio, só imagino.
Hoje, nem sei como me despedir….
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