Dia 6830 de viagem, no mar que não me permite ser.
Bom dia marinheiros,
Será impossível esta sensação? Sentir que deixamos imensos barcos, imensos tripulantes, imensas aguas em deferimento de uma coisa só, algo que podia ser um sonho, mas que na verdade não é nem nunca foi, um único caminho, que não permite afluentes, e os que tem destrói. Um caminho, que nem sabemos se será o nosso. Um só lugar um só estado que não nos permite viver para além do barco. Um caminho que não permite velas nem lemes, nem outro tipo de tecnologias. Um caminho em que as mãos remam, em contacto directo com as águas.
Já não existe mais do que este caminho, já não há viva, perdeu-se em algum lugar. Apenas vejo a tentativa de sobrevivência. Não chega ser um mar desconhecido, que ainda por cima me obriga a largar tudo, até a própria vida.
Arranca de mim, sem qualquer tipo de piedade toda a minha vida, todas as minhas paixões, tudo o que faz parte de mim. Arranca-me de mim mesma, e nem autorização pediu!
E vejo pessoas a usar velas transparentes, e outras tecnologias para chegarem mais longe, mas eu não consigo eu apenas me tenho a mim (pelo menos aquilo que ainda não me tiraram).
Já não navego, apenas nado desesperadamente à procura de terra.
Boas navegações.
Sem comentários:
Enviar um comentário