terça-feira, 10 de março de 2015

Dia 6883 de viagem, num mar qualquer com reflexos de por-do-sol.

Dia 6883 de viagem, num mar qualquer com reflexos de pôr-do-sol.

Desculpem marinheiros, passei demasiado tempo sem escrever, mas mesmo hoje não sei o que dizer. A viagem está feliz, mas estranha. O tempo ameno. Apesar da grande nuvem cinzenta que nos assombra, o sol ainda brilha com força. Brilha de manha ao fim do dia, momento em que o mar se torna laranja e as aguas calmas, provavelmente com sono dos tantos barcos que por elas navegam.

Não se ouve,… apenas as pequenas ondas a bater no barco, e algumas vozes de marinheiros distantes.
Há demasiado a acontecer, o destino e o rumo permanecem nulos. Existe apenas, um desejo de reação, não minha, mas de uma outra marinheira.
Não consigo definir o meu estado (anestesiada? Talvez), ou o do navio. A viagem anda simplesmente estranha. E rápida, talvez.
Tenho reencontrado marinheiros de outras navegações. Algumas longas, outras pequenas, talvez um dia a história dessas navegações seja maior, mas por enquanto são apenas vários encontros e desencontros.

Ah! Sempre desejei poder colocar um pôr-do-sol no papel, ou mandá-lo a alguém. Sempre quis ter o poder de o levar comigo. Ou de o saber descrever. Mas a sua beleza é inatingível e a sua singularidade me afasta dele. Nem desenhos, nem pinturas, nem sequer fotografias o conseguem captar na sua plenitude. E palavras? Não há palavras suficiente para isso. Não há palavras suficientes para descrever as suas cores e reflexos. É por isso que há muito tempo que desejo o poder de o alcançar, e não apenas de o observar majestosamente.

Oh, desculpem, devia falar da navegação, mas fiquei perplexa com o momento. No barco anda tudo estranho, mas não quero dizer que anda infeliz. Gostava apenas de mandar esta nuvem para longe. E claro de não ser invisível para alguns antigos marinheiros! Se calhar é possível descativar alguém, e deixar  de ser uma necessidade para o outro e de ter necessidade do outro.

Não sei que mais dizer, peço desculpa pela intermitência.
Boas viagens!

domingo, 1 de março de 2015

Dia 6867 de viagem, entra as aguas e a terra.


Dia 6867 de viagem, entra as aguas e a terra.

Há muito que não escrevia nada, e hoje saiu isto, e partilho de forma completamente crua, tal e qual como a conheci.

Encontro-me entre a água e a terra.
Uma musica ressoa em meu redor,
Sem letra (mas não precisa dela)
Uma guitarra solitária, que
ecoa com as ondas de um rio
aspirante a ser mar. Ou
talvez oceano, quem sabe.
As palavras desvanecem-se
por entre o dedilhado da guitarra
E eu procuro a força, a garra.
Procuro aquilo que posso dar ao
mundo. Procuro-me.

Os reflexos de luz ensurdecem o ar
Mas a musica permanece,
é eterna novidade, às vezes.
Mas, por vezes identifico-a!

Todas as pessoas desapareceram. 
Talvez ainda esteja aqui o guitarrista.
Mas, não quero olhar para trás.

Cada vez há mais luzes na outra 
Margem, os reflexos multiplicam-se
E o meu barco transparente
continua `s minha espera.
Um barco simples, talvez
imaterial para os outros. 
Mas é vida para mim



Saudações marinheiros!