Quando passamos a nossa vida à procura da felicidade dos outros, e nos entornamos um pouco dentro de cada um, perdendo parte do que fomos, ganhando parte do que somos. E rimos com algo que os outros acham que nos faria chorar, incrédulos por não saberem saborear o sorriso no rosto do outro, o brilho nos olhos que lhes esbugalham o ser. De corpo transparente rodopio com o vento rasgando sorrisos e fazendo-os voar. Sorrio pelos outros, protegia apenas nas minhas ruínas de pedra antiga. Que pelo seu estado de degradação, não se conseguem fechar, mas a duvida emerge, terá alguma vez existido uma porta lá?
Diário de Bordo
domingo, 17 de abril de 2016
domingo, 10 de janeiro de 2016
Dia 7180 de viagem, por entre o vento.
Dia 7180 de viagem, por entre o vento,
Por entre o vento que se transporta nas ruas de Lisboa. O meu cabelo infindo esvoaça, tapa-me a cara, mas já não me importo. O cheiro da peça de teatro de onde sai, o cheiro a podre, vinagre podre, continua no meu nariz e é cuspido pela boca sem que me mexa. O vento permanece enrolando os meus cabelos, a minha cara é irreconhecível agora. I start to think in english, e volto a pensar em português. Já nem sei bem qual é a minha Língua, se calhar nenhuma delas. Não é nenhuma delas. O meu respirar é ofegante. O miradouro cheio de vento, parece estar em vaco. ou sou eu que assim estou. Não tenho ar, apresso o passo para voltar a casa, subo rapidamente as escadas. Bato as portas. O vento permanece à minha volta. Eu sem ar. Sem identidade. Se alguém estivesse aqui para me olhar, já não saberia qual é a frente da minha cabeça. O cabelo continua a entrelaçar-se. Caio na cama. O cheiro permanece. E a identidade é irrecuperável. O coração está acelerado. I can’t bref. English again? Jupakito Felinty Catropofeck Que estou eu a dizer? Dizer não pensar! Que estou eu a pensar? Que Língua é esta. Estranha… Talvez não assim tão estranha. Deve ser a minha… Aquela que é minha… Ninguém parece compreender. Mas ela explode dentro de mim e faz todo o sentido em cada palavra que profiro. Ela diz tudo o que penso e sinto. Acho que nunca nenhuma outra Língua o conseguiu fazer. Nela sou eu, incompreendida, como sempre fui… crotinhole profintio magtifictraris magnom croft quem sou? triscrafs froidest menhotelp waresftg craftyz lodubivert dravintzk merf…
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
Dia 7039 de viagem, fim de tarde em Istambul
Dia 7039 de viagem, fim de tarde em Istambul
Vagueio sozinha pelas ruas de Istambul, apenas eu e a minha sombra. Sozinha, ou deverei dizer acompanhada de mim? Os meus pais já estão, provavelmente, em casa com os meus irmãos mas eu pertenço às ruas, permaneço nelas. Sigo o caminho para casa. Perco-me e encontro-me em cada esquina, em cada gesto, em cada rosto. Detenho-me. Detenho-me na luz que cai sobre Istambul, neste fim de tarde, cai e cobre todo aquele lugar... por entre mesquitas, palácios e pela manga de ouro. Principalmente sobre esta. Já não vejo o sol, mas a sua luz ainda colori o céu. E eu que ando perdida entre gestos, olhares e pessoas na rua, eu, que tanto gosto de pormenores, detenho na imensidão da paisagem, da água, da luz. Devia seguir o caminho, mas o meu corpo não se move, apenas as mãos tem movimentos esquizofrénicos para registar o momento. Mas é impossível, logo eu que odeio essa palavra.
Foi a primeira suspensão. Mal o ar volta a circular, o ritmo cardiaco a estabilizar, uma tempestade de pensamentos invade a minha alma. Um remoinho de ideias, desejos e pessoas. Algo sai disparado, quase como cuspido desse remoinho. És tu. Apenas tu.
Letras e palavras recaem em mim, como se estivesse a escrever num postal para te mandar, apenas sobre aquela luz. Mas não escrevo, estou apenas parada, sem andar. Quero chegar a casa para escrever tudo isto num postal, que ainda não comprei. Escrever a tua morada para que uma recordação rastejante voe até à tua caixa de correio.
Vagueio sozinha pelas ruas de Istambul, apenas eu e a minha sombra. Sozinha, ou deverei dizer acompanhada de mim? Os meus pais já estão, provavelmente, em casa com os meus irmãos mas eu pertenço às ruas, permaneço nelas. Sigo o caminho para casa. Perco-me e encontro-me em cada esquina, em cada gesto, em cada rosto. Detenho-me. Detenho-me na luz que cai sobre Istambul, neste fim de tarde, cai e cobre todo aquele lugar... por entre mesquitas, palácios e pela manga de ouro. Principalmente sobre esta. Já não vejo o sol, mas a sua luz ainda colori o céu. E eu que ando perdida entre gestos, olhares e pessoas na rua, eu, que tanto gosto de pormenores, detenho na imensidão da paisagem, da água, da luz. Devia seguir o caminho, mas o meu corpo não se move, apenas as mãos tem movimentos esquizofrénicos para registar o momento. Mas é impossível, logo eu que odeio essa palavra.
Foi a primeira suspensão. Mal o ar volta a circular, o ritmo cardiaco a estabilizar, uma tempestade de pensamentos invade a minha alma. Um remoinho de ideias, desejos e pessoas. Algo sai disparado, quase como cuspido desse remoinho. És tu. Apenas tu.
Letras e palavras recaem em mim, como se estivesse a escrever num postal para te mandar, apenas sobre aquela luz. Mas não escrevo, estou apenas parada, sem andar. Quero chegar a casa para escrever tudo isto num postal, que ainda não comprei. Escrever a tua morada para que uma recordação rastejante voe até à tua caixa de correio.
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
Dia 7036 de viagens, entre as talhas douradas do Bósforo
Bem cedo, na desportiva
Levou-me o vento azul do Bósforo
Enrolando-se em talhas douradas
Entre pinturas de mísicas cores
Cores que tingem o meu pensamento,
Enquanto o sol forte me envolve.
Regresso ao ninho volante.
Transportada pelo vento do Bósforo
Que agora se derrete em tons de laranja.
Sobre as antigas casas vermelhas,
Que por serem de madeira
Desvendam alegremente as florestas.
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
Dia 7035 de viagem, perdida no mais fundo dos azulejos
Rastegei por entre azuis
Vermelhos e esverdeados.
Mas os meus olhos inconscientemente
Mergulharam no ciano que
Escorria para as pérolas e esmeraldas.
Vermelhos e esverdeados.
Mas os meus olhos inconscientemente
Mergulharam no ciano que
Escorria para as pérolas e esmeraldas.
O perfume, esse começou leve
E doce, com pezinhos de lã
Como quem quer passar despercebido
Mas pouca dura essa leveza
Vingam dos intensos do ar.
Lutando pelo nariz turístico
Que não regateando
Leva-o pela maior moeda.
E doce, com pezinhos de lã
Como quem quer passar despercebido
Mas pouca dura essa leveza
Vingam dos intensos do ar.
Lutando pelo nariz turístico
Que não regateando
Leva-o pela maior moeda.
E mesmo antes do sono
Mergulho novamente
Nos padrões e tulipas,
Que enchem todo o dia.
Conto minha cabeça com eles
Para que o descanso
Se resguarde numa
Mesquita.
Mergulho novamente
Nos padrões e tulipas,
Que enchem todo o dia.
Conto minha cabeça com eles
Para que o descanso
Se resguarde numa
Mesquita.
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
Dia 7034 de viagem, terras turcas...
Luzes cintilavam pelos meus cabelos
Sem que o olhar se pudesse distinguir
Reflectia-se no sorriso infantil,
Que com uma espingarda na mão
Rebentava um a um cada balão
Cujos restos mortais o Bósforo levava.
Sem que o olhar se pudesse distinguir
Reflectia-se no sorriso infantil,
Que com uma espingarda na mão
Rebentava um a um cada balão
Cujos restos mortais o Bósforo levava.
Como outro inocente corpo corrida
Para os braços de uma provável mãe
Que mais do que olhos de erva eu não vi,
Emoldurados em todos aqueles padrões.
Para os braços de uma provável mãe
Que mais do que olhos de erva eu não vi,
Emoldurados em todos aqueles padrões.
Pelas ruas que vagueava
Como turcos gatos
Perdidos, mas sem medo,
Como se o mundo lhes pertencesse.
Revia-me no olhar da mulher
Que subindo um escadote de madeira,
Por entre as ruínas se acolhia
Aquilo a que chamava casa.
Como turcos gatos
Perdidos, mas sem medo,
Como se o mundo lhes pertencesse.
Revia-me no olhar da mulher
Que subindo um escadote de madeira,
Por entre as ruínas se acolhia
Aquilo a que chamava casa.
terça-feira, 25 de agosto de 2015
Dia 7033 de viagem, num avião de papel
Pedi a um pequeno rapaz
Um avião de papel,
Ele deu-me um bem pequenino.
Coloriu-o com o olhar
Iluminando o novo dia.
No seu sorriso envergonhado,
Que misturava a desconfiança e o mistério,
Estendeu-me as suas leves mãos
E entre os dedos reluzia um avião de papel.
Aparentemente, feito com papel de embrulho,
Da prenda do pai natal, digo eu.
Mas não, tinha apenas sido com o olhar,
De um pequeno sorriso envergonhado,
Que ainda sabia sentir.
Um avião de papel,
Ele deu-me um bem pequenino.
Coloriu-o com o olhar
Iluminando o novo dia.
No seu sorriso envergonhado,
Que misturava a desconfiança e o mistério,
Estendeu-me as suas leves mãos
E entre os dedos reluzia um avião de papel.
Aparentemente, feito com papel de embrulho,
Da prenda do pai natal, digo eu.
Mas não, tinha apenas sido com o olhar,
De um pequeno sorriso envergonhado,
Que ainda sabia sentir.
Foi assim que comecei a voar...
Escorreguei pelo por do sol,
Conheci estrelas pequenas
Deslizei até turcas terras
Conheci estrelas pequenas
Deslizei até turcas terras
Subscrever:
Comentários (Atom)