Dia 6841 de viagem, num semi-mar.
Marinheiros, tenho-vos a dizer que tudo o que sou e faço fica sempre por metade. Estou metade neste grupo, sou mais ou menos participante naquilo, sou quase aquilo. No fundo resumo-me a uma palavra “semi”. Ou terei de dizer “semi-resumo-me”?
Gostava de seguir o nosso génio, na voz de Ricardo Reis:
“Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive. “
Mas não acontece porque sou sempre metade de mim. Se calhar o meu “inteiro” é apenas uma metade. Gostava de puder ser inteira em algo, mas fico-me sempre na metade.
Eu semi-sou, semi-faço, semi-existo. E isto, Marinheiros, assusta-me bastante!
Espero que vocês não tenham em vós “semis”.
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